sexta-feira, 24 de junho de 2011

Telhado verde do Five Borough, em Nova York, é um laboratório perfeito

Originalmente publicado em EngenhariaeArquiteura.com.br, postado em: 17/06/2011

Administração de parques de Nova York dá exemplo

O telhado do 5-Boro foi construído para servir como um laboratório para futuras iniciativas (crédito: NYC Parks Department)

O Five Borough, edifício administrativo do Departamento de Parques da cidade de Nova York, fica em Randall's Island. De lá partem todas as orientações para a operação das áreas verdes da cidade. No Dia da Terra de 2007, o prefeito Bloomberg divulgou um plano de sustentabilidade para a cidade, intitulado PlaNYC. Em resposta a esta iniciativa, a divisão de serviços técnicos do Five Borough criou sua própria força tarefa de sustentabilidade. Após uma extensa pesquisa, o Five Borough percebeu que a instalação de um telhado verde contribuiria significativamente para os esforços de sustentabilidade da cidade.

Na primavera de 2007, a divisão técnica começou um programa de instalação de diversos telhados verdes no topo do complexo de Randall's Island onde está sediada. Até o momento, a divisão, juntamente com os Parks' Green Apple Corps, instalou 24 sistemas de cobertura em mais de 8.800 metros quadrados de telhado na ala oeste do edifício. Juntos, os sistemas instalados no Five Borough compõem o quinto maior telhado verde de Nova York.

Além disso, ele é o telhado verde que mais contempla distintos sistemas lado a lado do país, e possivelmente do mundo. Estes sistemas caracterizam-se pela variedade, tipos e profundidade de meios de cultura, além de seleção de plantas. Há também outros sistemas pouco tradicionais, incluindo uma parede verde, sistemas de contentores, um sistema de passeio, bem como plantações no topo das paredes do parapeito.

Os parapeitos também foram utilizados para compor o jardim (crédito: NYC Parks Administration)

Na primavera de 2007 a divisão de serviços técnicos construiu seu primeiro, e bastante modesto, sistema piloto de telhado ecológico intensivo. Com base principalmente em um projeto padrão da Barrett, que doou cerca de $ 3.000 dólares em material de cobertura, medindo 1 x 0,5 m. O meio de crescimento utilizado foi uma mistura de baixa densidade de composto e espuma de poliestireno expandido reciclado, revestida com pectina para absorção de água. O sistema, composto por nove espécies de plantas nativas da área metropolitana de Nova York, foi não apenas o primeiro do tipo instalado no Five Borough, mas também o primeiro em toda a área do Departamento de Parques de Nova York.

Na primavera seguinte e início do verão os serviços técnicos instalaram mais seis variações de sistemas de telhados verdes extensivos e quatro sistemas atípicos. Dois destes telhados extensivos utilizaram módulos com bandejas de alumínio fabricadas nas próprias oficinas da divisão de serviços. Embora todas as bandejas fossem de 0,62 m x 0,62 m, o sistema de bandejas I utilizou a profundidade de 10 cm, enquanto o sistema II foi fabricado com 15 cm. Cada bandeja media 6 m x 12 m e ambos tipos usaram meio de cultura médio, com uma mistura principal de barro termicamente tratado e materiais orgânicos.

Nas bandejas do sistema I foram plantadas 400 estacas de sedum, além de 600 metros quadrados de mudas da mesma família. As bandejas do sistema II receberam outras 1.520 mudas de sedum. Ambos os sistemas receberam ao todo sete espécies diferentes de sedum, selecionados por sua robustez e forte contraste de cores e texturas. A comparação destes dois sistemas com o passar do tempo deve dar uma indicação do efeito de profundidade média de crescimento na rusticidade dos telhados verdes de sedum.

Outro sistema modular consiste principalmente do Green Paks TM, fabricados pela Green Roof Blocks. O Green Paks TM baseia-se em sacos de polietileno de alta densidade. Os sacos medem 0,5 x 0,80 cm e têm 1 centímetro de profundidade. Eles são preenchidos com um meio de crescimento próprio formado por 80% de xisto expandido e 20% de casca de pinus. O Green Paks TM enviado para os serviços técnicos foram preenchidos com este meio, transportados para o telhado e, em seguida, colocados sobre uma barreira de raízes e material de drenagem.

O departamento de serviços técnicos também experimentou um sistema extremamente simples, instalando cinco lotes de 25 cm x 30 cm e 13 cm de profundidade com uma camada de proteção de borracha de etileno-propileno no telhado coberto com uma mistura do tipo Metro-Mix 510, normalmente usado em jardinagem de vasos e emoldurado por madeira. Diferente de todos os outros tipos instalados, este sistema monolítico não tem uma camada de drenagem. Plantada com 3 espécies de plantas nativas, este sistema mostrou que é inviável a instalação de um sistema de telhado verde desprovido de drenagem.

Em maio de 2009 foi instalado o Xero Flor Green Roof System, ultra-extensivo desenvolvido na Alemanha e composto por uma camada de pré-vegetação sedum, manta de retenção de água, uma camada de drenagem e uma barreira de raiz. O departamento de serviços técnicos instalou cerca de 1930 metros quadrados deste sistema monolítico sobre o telhado da garagem de manutenção de veículos. Com 1,20 kg/m2 a seco e 2 kg/m2 com umidade, o Xero FlorTM system mostrou-se o mais leve instalado no 5-Boro até o momento.

Em junho foi instalado um sistema de parede verde composto de 12 painéis pela ELT Easy Green composto por grades de bandejas de plástico de 0,5 x 0,5 x 0,05 com solo mineral e três variedades de sedum. Também foram plantados cerca de 200 metros quadrados de um outro sistema muito leve com sementes de uma flor selvagem especialmente desenvolvido para o 5-Boro: uma mistura de 80/20 de Metro-Mix 510 e perlite (material vulcânico termicamente expandido), resultando em um meio extremamente leve. Ao contrário dos demais do Five Borough, este sistema de flores silvestres foi plantado a partir de sementes e coberto com tela de juta para evitar a erosão do vento.

O átrio de 240 metros quadrados foi transformado em passeio, tendo recebido cerca de 150 metros quadrados de área plantada a uma profundidade de 10 cm. As plantas, das espécies creeping myrtle, red wing phlox e candy stripe phlox, foram cuidadosamente selecionadas para tolerar variações sazonais e diárias no ângulo do sol e colocados na área não-circulável, enquanto a tall fescue foi selecionada para a área de tráfego, devido à sua resiliência que favorece sua adaptação. Ainda em 2009, no mês de outubro, uma camada de 122 metros quadrados de solo mineral de multi profundidade, com uma mistura de vegetação e caules de sedum, foi instalado. Os contornos ondulantes não só forneceram um visual interessante, como também servem de teste para observar o crescimento da sedum em relação à variação de profundidade do meio de cultura.

Por volta dos meses de abril e maio de 2010 cerca de 1.200 metros quadrados projetados por Rick Gordon, gerente sênior do projeto, estavam instalados. O meio de crescimento médio era composto de 1 / 3 de solo mineral, 1/3 de perlite e 1 / 3 de variados tipos de estrume em profundidades médias de 20 centímetros. As hortaliças foram plantadas a cerca de 30 centímetros, tendo ao centro tomates, pimentões, melões, abóboras, repolho, espinafre, berinjelas e ervas.

Na primavera foi instalado no 5-Boro uma versão extensiva do sistema GaiaSoilTM que havia sido instalado em 2007. Apelidado Layered System II, com profundidade de 18 cm (13 a menos que o sistema original). Assim como seu antecessor, o Layered System II é monolítico e cobre uma área de 6m x 12 m, com 825 plantas nativas de 10 espécies.

Em junho de 2010 foi instalado o Xero Flor Green Roof System a 8 centímetros de profundidade, formado por uma camada de sedum, 3 cm de solo mineral, duas camadas de mantas para retenção de água, uma camada de drenagem e uma barreira de raiz. O quarto sistema modular de telhado verde foi o BIOtrays TM, formado por bandejas de fibra de casca de coco, medindo 43 cm de largura, 43 cm de comprimento e 3 cm de profundidade, e preenchidas com solo mineral, onde foram plantadas espécies de sedum. Possivelmente a forma monolítica do BIOtraysTM vai quebrar e seu sistema em decomposição nutrirá os componentes minerais, fornecendo matéria orgânica adicional ao solo. O BIOtraysTM cobre uma área de 3 x 6 metros.

Ainda no verão a divisão de serviços técnicos do Five Borough instalou um número de sistemas de telhado verde atípicos. Foram construídas 20 caixas de plantas de cedro. As caixas foram preenchidas com o meio de cultura Metro-Mix 510, Mugo Pinheiro, sedum sieboldiana e sedum acre.

Outros sistemas atípicos incluem uma treliça com uma superfície de cerca de 200 metros, mas uma pegada de telhado de apenas 27 metros quadrados, um parapeito de madeira moldada em cima do parapeito do átrio, e uma moldura de metal acima da parede da ala oeste do perímetro. Além disso, canteiros elevados foram instalados, sendo usados para armazenar plantas e material extra de enchimento, além de uma horta comunitária para o pessoal do escritório.

No outono de 2010, dois blocos de 76 metros quadrados do sistema BioRoofTM foram instalados para teste. E, entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, foi iniciado outro experimento com meio de cultura desenvolvido pela própria divisão de serviços do NYC Parks. Projetado pelo chefe de serviços técnicos, Artie Rollins, o solo é feito com 80% de perlite e 10% de Metro-Mix TM 510, produzido pela SunGroTM e que contém 15-20% de Peat Moss, 25-35% de vermiculite, 40 a 45% de casca de pinus , e 10 a 20% de casca de Ash. Este sistema de cerca de 250 metros quadrados, composto principalmente de perlita, é muito leve e capaz de reter de 5 a 8 vezes mais água do que o solo não tratado. Flores selvagens serão plantadas em um futuro próximo neste sistema.

O telhado verde do Five Borough serve como um laboratório para o trabalho de projeto e construção de telhados verdes, fornecendo conhecimento para o resto da agência e de outros grupos, conservando e restaurando as áreas verdes da cidade de Nova York . A administração tem a sua disposição uma estação experimental na qual o desempenho dos vários sistemas podem ser monitorados e comparados.

Projeto: NYC Parks Five Borough (5-Boro) Administrative Building

Ano: 2007
Proprietário: Departamento de Parques e Recreação da cidade de Nova York
Localização: Randall's Island, Nova York, NY, EUA
Tipo de edifício: Governo / Municipal
Tipo: Extensiva e intensiva, teste e pesquisa
Sistema: Outros
Tamanho: 8.832 m²
Declividade: 1%
Acesso: Acessível com autorização

Fornecedores:
Sistemas layered: Xero Flor TM
Sistemas modulares: GreenGridTM, Green PaksTM, BIOtraysTM, Bioroof®
Doação de material de cobertura: Barrett Company
Gerente de Projetos Sênior: John Robilotti, NYC Parks Department
Projeto e desenvolvimento: Artie Rollins, Chief of Technical Services
Meio de cultura: GaiaSoilTM, rooflite®, Metro-Mix 510
Plantas: NYC Parks Native Plant Center, Emory Knoll Farms, Sempergreen®
Parede verde: ELT Easy Green
Instalação: Five Borough Technical Services, NYC Parks Summer Interns, Green Apple Corps, FedEx's Energy Smart Outreach, Columbia University students, Million Trees Volunteers, NYC Parks Weatherization Crews

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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Novo edifício do Brower Center em Berkeley, CA

Publicado originalmente em engenhariaearquitetura.com.br, em 22/06/2011

Memorial para ambientalista americano tem certificação LEED Platina




O Brower Center na esquina da Oxford com a Allston (crédito: Tim Griffith)

O recém-concluído edifico do David Brower Center, no centro de Berkeley, Califórnia, é um memorial para um personagem importante do movimento ambientalista no país. Brower foi o primeiro Diretor Executivo do Sierra Club, de 1952 a 1960 , tendo participado da fundação, mais tarde, de várias organizações ambientalistas, como Friends of the Earth, League of Conservation Voters e Earth Island Institute. Foi uma inspiração para toda uma geração de ativistas ambientais, alguns dos quais trabalham agora no edifício que leva seu nome.

Cerca de trinta grupos nacionais e internacionais ocupam perto de 7.300 metros quadrados, do total de 14.000, nos três andares superiores do edifício. Sua missão é angariar colaborações, envolver novas pessoas na defesa do meio ambiente e facilitar a comunicação e parcerias entre organizações.

O próprio edifício e seu sistema estrutural, foram criados para incorporar todo o estado da arte, expressando o trabalho e o legado de Brower. O edifício recebeu a certificação LEED Platina, a mais alta dentro dos critérios do Green Building Council, com 55 pontos dos 60 possíveis.

Todos os espaços de escritórios têm janelas operáveis e iluminação natural (crédito: Tim Griffith)

O edifício foi implantado num terreno um pouco incomum, com uma borda curva. Esta característica levou os arquitetos da WRT / Solomon ETC, a projetarem uma fachada arredondada que permite um fluxo mais natural do espaço do que a típica esquina em ângulo reto. O fluxo de pedestres a partir da entrada do edifício, na Allston Street, passa pelo restaurante do Centro no piso térreo, um espaço aberto, e caminha para um espaço fechado entre o Centro e o Oxford Plaza, um complexo de apartamentos.

A fachada do edifício sugere o desenho de um templo, com uma série de colunas embutidas, definindo uma base elevada, ligeiramente projetada em direção ao ático, e uma cornija, que, afastando-se do modelo clássico, continua como sólida matriz de painéis fotovoltaicos na face sul, com uma treliça de ripas que segue a linha do telhado e aumenta à medida que ela se curva ao redor do beiral, do sul para o norte, como a aba de um chapéu virado.

Os painéis inclinam-se, para baixo, no lado sul, para moderar a grande quantidade de luz que entra no edifício a partir daquela direção, reduzindo o ganho de calor no verão, e, no lado norte, inclinam-se para cima para aumentar a admissão de luz, atendendo à maior necessidade sazonal. Medidas como estas fizeram com que o interior tenha quase 100% de iluminação natural.

No que diz respeito aos materiais, o metal utilizado para a fachada é de zinco, que requer menos energia na mineração e ganha formas semelhantes ao alumínio ou aço, com a vantagem da opacidade da superfície fosca. Os vidros das janelas redirecionam a luz solar, reduzindo o ganho de calor. Operáveis, as janelas permitem alterações na ventilação.

O concreto utilizado na fundação contém 70% de escória de forno, e o da super estrutura, 50%. O uso deste subproduto da fabricação do aço reduz o teor de energia do edifício e sua pegada de carbono em 40%. O Brower Center é o primeiro projeto da área da Baía a usar concreto com alta porcentagem de escória em tal escala.

O lobby, que abre-se para a Allston Street, já diz tudo sobre a característica verde do edifício. Materiais naturais em tons neutros são dominantes, mas obras de arte expostas em um espaço fora do lobby fornecem todos os detalhes coloridos.

O projeto original previa dois elevadores, mas o fundador do Centro e seu atual presidente, Peter Buckley, decidiu reduzir o consumo de energia, transformando um dos elevadores em escada. Os arquitetos enclausuraram a escada numa caixa de madeira, concreto e aço, providenciando aberturas laterais que, fornecem a vista do lobby.

Um dos aspectos mais intrigantes do edifício é seu sistema estrutural que usa cabos verticais pós-tensionados nas paredes e esquadrias, atuando como molas que permitem à construção dobrar no caso de um terremoto e, depois, voltar ao seu alinhamento original. Os engenheiros acreditam que este re-alinhamento permitirá ao Brower Center permanecer em operação imediatamente após um evento sísmico que provavelmente obrigaria a custosos reparos em uma estrutura convencional.

Um sistema de coleta de água da chuva abastece as descargas de banheiros e a irrigação dos jardins. O edifício usa cerca de 40% menos água que um sistema padrão.

Sistemas energeticamente integrados

O edifício usará cerca de 60% menos energia do que um edifício similar nos Estados Unidos, sem contar os 66 kW de energia produzida no local através de painéis fotovoltaicos. O Centro está 44% acima das mais exigentes recomendações do California Title 24.

O maior ganho em eficiência vem da integração do sistema de climatização com as demais estratégias e tecnologias de projeto. A maior parte do edifício não tem resfriamento baseado em compressão. As cargas foram minimizadas e todo o resfriamento é providenciado por resfriamento evaporativo indireto a partir das torres de resfriamento. A desumidificação é desnecessária dada as características do clima, onde a alta umidade se manifesta apenas em dias frios. Em umano típico apenas uma hora excede o ponto de orvalho, de 17 graus Celsius, que equivale a 65% de umidade relativa depois do aquecimento do ar interior.

O edifício usa um sistema de piso radiante embutido na laje para aquecimento e resfriamento , que absorve aquecimento ou resfriamento do espaço, de acordo com a necessidade. A transferência hidrônica de calor é mais eficiente que a transferência do calor através do ar.

Tradicionalmente o ar aquecido ou resfriado por uma unidade de tratamento do ar e a energia de um ventilador é usada para distribuir este ar pelo espaço interno. Devido à maior capacidade da água, a tecnologia hidrônica usa muito menos energia para prover ou remover calor. O sistema traz um benefício significativo ao eliminar totalmente o reaquecimento, assim como reduzindo a insuflação de ar pelo teto.

Durante os meses mais quentes a massa térmica dos espaços internos é pré-resfriado à noite usando a torre de resfriamento e o sistema de piso radiante. Este controle promove o uso de energia em horários noturnos, reduzindo a carga nos horários de pico, o que contribui para uma redução significativa na conta de luz.

Esta abordagem também captura as temperaturas noturnas mais baixas para maximizar o resfriamento evaporativo indireto oferecido pelas torres de resfriamento. O edifício só usa resfriamento baseado em compressão em algumas poucas salas de reuniões. O pré-resfriamento das lajes usa a água gelada da torre de resfriamento à noite para armazenar frio na massa do edifício, para uso no dia seguinte. Durante o período noturno a temperatura da laje fica entre 17 e 20 graus Celsius para ser usada quando apropriado. Em adição ao resfriamento da laje diretamente com a tubulação hidrônica, uma unidade de tratamento de ar captura o ar frio noturno do verão, insuflando-o para o interior do edifício, fornecendo resfriamento adicional da massa térmica.

Caldeiras de condensação selecionados para operar com água a uma temperatura mais baixa maximiza a eficiência, sendo que a água quente é distribuída através de bombas equipadas com variadores de frequência. O baixo retorno de operação da temperatura da água (entre 32 e 43 graus Celsius) é um aspecto crítico da maximização da eficiência da caldeira de condensação e o que tornou possível o uso do piso radiante para aquecimento e para fazer frente aos fan coils dedicados ao tratamento do ar externo.

Os espaços de maior concentração de pessoas e com grande variação de carga de ventilação são servidos por bombas de calor de alta eficiência, que usam as torres de resfriamento e as caldeiras para rejeição e injeção de calor, respectivamente. A mínima quantidade de calor é recuperada pelo loop da bomba de calor quando as salas de conferências e o teatro estão frios.

Outras abordagens estratégicas são o resfriamento evaporativo indireto através das torres de resfriamento para temperar o ar de ventilação, ventilação natural pelas janelas operáveis e através das clarabóias e a insuflação pelo piso elevado (displacement ventilation) e grelhas e janelas superiores.

Iluminação e estratégias de envelope

Várias estratégias de iluminação natural foram utilizadas para usar 100% de luz diurna no edifício. Pisos de placa estreita foram projetados para maximizar iluminação e ventilação naturais. Prateleiras de luz, projeções e outras características do envelope foram incorporadas para atingir o objetivo desejado. Um revestimento de alto desempenho foi projetado para otimizar o uso da luz natural ao mesmo tempo em que reduz o ganho de calor solar, diminuindo a necessidade de aquecimento e resfriamento.

Fotocélulas localizadas foram utilizadas em todo o edifício para controle das lâmpadas quando estas não se fazem necessárias. Sensores de presença foram instalados para detectar a não ocupação de áreas.

Qualidade do ar interior

O sistema de climatização do edifício trabalha com 100% de ar externo nos espaços de escritórios. Estes espaços usam uma combinação de ventilação natural e sistema de piso radiante, com sensor de CO2 para controle da demanda de ventilação. Os fan-coils dedicados para tratamento do ar exterior operam continuamente para suprir todas as áreas de escritórios com 100% de ar externo durante todas as horas de ocupação. Todas as unidades de tratamento do ar são equipadas com filtros MERV 13, segundo a ASHRAE Standard 52.2- 2007, que asseguram que poeira e particulados não entrem no espaço interno.

O último andar do edifício tem janelas operáveis no perímetro e no interior, além das clarabóias operáveis. Pisos de placas estreitas foram usados para maximizar luz e ventilação naturais.

Resumo das características do projeto:

- Construção com 53% de materiais reciclados
- Painéis fotovoltaicos, que também têm função de sombreamento
- 100% de todas as áreas de escritórios têm iluminação natural
- Recolha e reutilização da água da chuva para irrigação e descargas de vasos sanitários
- Reduzido consumo de energia para climatização através do uso de: piso radiante para refrigeração e aquecimento, displacement ventilation, free cooling e ciclo economizador
- Dispositivos de sombreamento solar em todas as janelas viradas para o sul
- Iluminação de alta eficiência com controles automáticos para limitar o uso quando a iluminação natural está disponível
- Concreto com escória reduziu significativamente o conteúdo de CO2 e a quantidade de cimento, aumentando a resistência
- Estrutura vertical pós-tensionada para minimizar os danos potenciais em caso de terremotos
- Sensores de CO2 para suprimento de ar fresco extra, se necessário.


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Simpósio de Construções Sustentáveis e Eficiência Energética

Caros,

No dia 30 de junho estarei participando como palestrante de evento sobre Construções Sustentáveis e Eficiência Energética promovido pela Schneider, no Centro Britânico Brasileiro, em São Paulo.
Convites para o evento podem obtidos junto a Nadia Nascimento pelo: nadia.nascimento@schneider-electric.com. Não deixe de informar ter recebido esta indicação pelo Blog do Macêdo.

Até lá.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Quanto custa certificar?

Caros,

Reproduzo aqui matéria publicada numa recente edição especial da revista Arquitetura e Construção sobre construção sustentável, que, em liguagem acessível, aborda os pricipais aspectos das certificações ambientais de edificações, que estão agora aparentemente chegando ao conhecimento do público em geral, não técnico, o que é bom para todos.
AMF.


Quanto custa certificar?Por Giuliana Capello, para Arquitetura & Construção / Especial Construção Sustentável - 12/2010
 
Essa é a pergunta que todo empreendedor faz quando o assunto são os selos de greenbuilding para edifícios. Mas, afinal, que conta é essa e quem paga por ela?

Já faz algum tempo que a economia global acordou para um fato importante: buscar sustentabilidade é também zelar pelos negócios. Em 2006, o economista britânico Nicholas Stern parou o mundo ao apontar as emissões de CO2 como a principal causa do aquecimento global e sugerir que, se nada for feito, o planeta sofrerá catástrofes ambientais da ordem de 20% do PIB mundial até 2050 (algo hoje em torno de US$ 10 trilhões). Os números são impressionantes - ainda mais no caso da construção civil. "O setor consome 40% de todos os recursos naturais do planeta", lembra Luiz Henrique Ferreira, da Inovatech Engenharia, de São Paulo. O Conselho de Green Building dos Estados Unidos (USGBC) credita ao segmento absorção de 40% da energia produzida no mundo e 30% do uso da água potável do globo.

A fama de vilão, porém, pode mudar se os agentes souberem transformar urgência em oportunidade. É nisso que apostam os pioneiros do greenbuilding no Brasil. "O mercado está exigindo prédios mais eficientes, que se mantenham atuais por mais tempo. Triple A [prédio corporativo de alto padrão] com certificação, por exemplo, é obrigatório", diz Luis Fernando Bueno, diretor de operações para terceiros da Gafisa. Fabiana Perez, gerente da JHSF, resume: "A sustentabilidade vai pelo caminho da ISO 9000. Quem não tiver a certificação ficará de fora".

SIM, CONSTRUIR PARA TER SELO VERDE CUSTA UM POUCO MAIS.

Esse extra depende dos hábitos de trabalho de cada empreendedor. "Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)mostrou que o desperdício numa obra atinge de 11 a 15% do seu custo. Já os diferenciais de sustentabilidade, que imprimem qualidade ao empreendimento, representam um desembolso de 5 a 10% do valor total", afirma Nelson Kawakami, diretor-executivo do Green Building Council Brasil, o GBC. Para Luiz Henrique Ferreira, o valor desse investimento depende da linha de base da construtora. "Se ela mantém bons contratos trabalhistas, compra materiais com nota fiscal e faz a gestão dos resíduos, não vai gastar muito mais para ser sustentável", fala. E segue: "quanto antes se pensar no assunto, menor será o custo, pois muitos itens poderão ser incorporados na arquitetura, e não na forma de equipamentos de ponta para remediar falhas de projeto".

• 40% de todos os recursos naturais disponíveis no planeta são consumidos pelo setor da construção civil.

• Para ter um produto sustentável, 48% dos consumidores brasileiros aceitariam pagar até 10% mais.

• 5% do custo total da obra é o investimento médio que as construtoras estão fazendo nos prédios verdes.

E SE O QUE IMPORTA SÃO OS BENEFÍCIOS PARA O EMPREENDEDOR...

Está por um fio o discurso de que não vale a pena investir um pouco mais porque quem se beneficia são os usuários, e não quem constrói. Numa pesquisa realizada este ano pela consultoria americana Penn, Shoen & Berland Associates (PSB), 73% dos brasileiros garantem que gastariam mais consumindo produtos ecologicamente corretos. Outro levantamento feito aqui, pelo grupo francês Havas, mostrou que 48% estariam dispostos a pagar até 10% mais por um produto sustentável. "Isso já está acontecendo com os clientes corporate, que só querem saber de prédios eficientes", conta Marcelo Takaoka, presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS). Com compradores mais exigentes, já é possível elevar um pouco o preço de venda, apostando na demanda de greenbuilding e na tendência de queda do valor do condomínio causada pela redução no consumo de água e energia na operação do imóvel. "Sem falar que o construtor ganha em velocidade de venda e gasta menos com estandes, vendedores e material de publicidade, o que reflete na taxa de retorno do empreendedor e na imagem da empresa", diz Paola Figueiredo, vice-presidente executiva do Grupo SustentaX.

QUANDO O INVESTIDOR É O FUTURO USUÁRIO.

Os especialistas são categóricos: ao longo de sua vida útil, 80% do custo total de um edifício equivale à etapa de operação e apenas 20% à de construção. Isso significa que quem investe um pouco mais para ampliar a ecoeficiência do empreendimento do qual será também usuário obtém retorno rápido por meio da redução dos gastos operacionais, principalmente com água e energia. "A Valia, fundo de pensão da Vale, só comprou metade de um prédio do Cidade Jardim Corporate Center [em obras em São Paulo] porque ele tem certificação AQUA, o que deverá manter o prédio valorizado e gastando menos com manutenção", conta Manuel Martins, coordenador do Processo AQUA, da Fundação Vanzolini. Em números gerais, a estimativa de redução do consumo de água num edifício certificado é de 30% (em razão dos metais sanitários economizadores e dos sistemas de reúso). Já a queda no consumo de energia gira em torno de 15%, graças a soluções de arquitetura, materiais de alto desempenho e equipamentos mais eficientes. "Construir para administrar e ser usuário é tendência entre os prédios certificados, ainda mais no caso dos corporativos", avalia Nelson Kawakami, do GBC Brasil.

ALUGUEL MAIOR E CONDOMÍNIO MENOR

Esses dois aspectos parecem compor o mantra dos empreendimentos certificados. Geraldo Bernardes, diretor de Sustentabilidade da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, esteve nos Estados Unidos para um encontro sobre o tema. "Voltei com números importantes para o mercado, que devem estimular a busca pela certificação", relata, referindo-se a pesquisas do Institute of Real State Management (IREM). Segundo a entidade, prédios verdes americanos tiveram queda no custo do condomínio de 13,6% entre 2005 e 2008. Já o valor desses edifícios - residenciais e comerciais - subiu 10,9%. O preço do aluguel também indica bons ventos para as versões de imóveis sustentáveis: chegam a custar até 25,7% mais. "O mercado está caminhando rapidamente nessa direção e, para os empreendedores, o argumento de marketing é enorme", afirma Geraldo. "Até hoje só se falava em custo extra, mas a partir de agora os players [agentes do mercado] vão enxergar os benefícios que eles podem ter com a certificação", completa. Esse é o caso do Eldorado Business Tower, em São Paulo, cujo valor do aluguel chega a ser 20% maior do que o dos vizinhos similares não certificados. O condomínio, por sua vez, custa hoje metade do que se pagaria num Triple A mais convencional: R$ 9,35 o m², contra até R$ 20 o m². "Sei do caso de um prédio novo que teve de passar por uma reabilitação porque não conseguia ser alugado. Aos poucos, os projetos ineficientes estão sendo rejeitados pelo mercado", comenta Marcelo Takaoka.

SÍNDICOS VERDES

A eficiência energética apresenta grande potencial na redução das emissões de gases do efeito estufa, e também na criação de empregos, aponta um relatório de 2008 do Worldwatch Institute (WWI). De acordo com Adalberto Maluf, diretor em São Paulo da Fundação Clinton, a política de empregos verdes do presidente americano Barak Obama considera a qualificação da mão de obra para obras de retrofit e para a manutenção de edifícios verdes parte vital do programa. "Acredito que no Brasil faltem empresas especializadas nesse segmento, assim como técnicos capazes de fazer a manutenção, criar protocolos de procedimentos e treinar funcionários para garantir a eficiência dos equipamentos instalados - e o desempenho ambiental esperado", diz Adalberto. Segundo o relatório, é provável que esses empregos sejam destinados a engenheiros e arquitetos, acrescidos de novos conhecimentos. Faz sentido. Uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA) da USP aponta que gerentes de ecorrelações e engenheiros ambientais serão os mais procurados do mercado em 2020, sinal da nova economia verde.

A HORA DA REABILITAÇÃO.

Mérito à parte, será que a ação das construtoras - que está apenas no início - de investir passo a passo em sustentabilidade será suficiente para mudar o rumo dos impactos ambientais provocados pelo setor? "Mesmo que todos os novos prédios passassem a ser construídos com princípios de greenbuilding, não daria tempo de vermos resultados ambientais significativos", lamenta o consultor Luiz Henrique Ferreira. O gargalo, segundo ele, está na reabilitação dos edifícios existentes, algo começando a ser também uma modalidade de certificação interessante, em que os investidores sentem os resultados no bolso - e rapidamente. "Participo de um projeto que deverá gerar economia de 80% de energia só com a troca do sistema de ar condicionado", exemplifica.

"Aos poucos, os projetos ineficientes estão sendo rejeitados pelo mercado"
Marcelo Takaoka, presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS)

Veja também:

Ineditismo na ponta do lápis
Etiqueta verde

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Arq. Antonio Macêdo Filho, LEED Green Associate
Coord. MBA em Construções Sustentáveis INBEC / UNICID / GBC Brasil