sexta-feira, 19 de junho de 2009

WTorre Nações Unidas.

Caros,

Na primeira edição das Visitas Guiadas Green Buildings em São Paulo, realizada em março passado, visitamos uma série deles, inclusive este WTorre Nações Unidas, elegante edifício de escritórios projetado por Edo Rocha para a WTorre.

O empreendimento é um dos que estão buscando a certificação LEED e incorpora o que, na minha opinião, é o que parece ser o mais efetivamente viável para se fazer em um edifício de escritórios que vise obter a certificação internacional.

Acompanhe a seguir matéria a respeito do empreendimento, publicada em Projeto Design.

Passarelas unem edifícios com áreas de laje diferentes


Para o condomínio WTorre Nações Unidas, Edo Rocha optou pela implantação de dois edifícios menores e com diferentes gabaritos, em escala inferior à dos demais prédios da região. As fachadas paginadas com laminado melamínico de alta resistência e painéis de ACM estabelecem identidade própria para o conjunto, que deve receber certificação Leed para o núcleo e os envoltórios. A interligação por meio de passarelas e duas opções em área de laje visam dar mais flexibilidade à locação.

Texto de Nanci Corbioli
Publicada em PROJETO DESIGN, Abril de 2009
O empreendimento é formado por dois edifícios que combinam linhas retas e curvas

Dois novos edifícios, relativamente baixos em comparação com os demais do entorno, chamam a atenção de quem passa pela marginal do rio Pinheiros, nas proximidades da ponte Eusébio Matoso. O empreendimento é o WTorre Nações Unidas, marcado por grandes recuos que atendem à legislação - devido à presença de uma vila na parte posterior direita do lote e ao posicionamento frontal à grande avenida. Ocupando a porção central do terreno, os prédios têm 13 pavimentos-tipo (com altura equivalente a 17 andares) e dez pavimentos-tipo e cobertura (gabarito correspondente a 14 pisos).

Os volumes são interligados no térreo e também em alguns andares superiores através de vigas metálicas que funcionam como passarelas. Aliadas ao revestimento com laminado melamínico de alta resistência, próprio para aplicações externas, elas transformam a leitura dos edifícios, que possuem desenhos diferenciados. “As passarelas estabelecem unidade visual e permitem ir de um prédio a outro sem ter que descer até o térreo, o que traz mais flexibilidade para a locação”, avalia o arquiteto Mauro Halluli, integrante da equipe de Edo Rocha e coordenador do projeto.

O revestimento melamínico é de alta resistência e próprio para aplicações externas. Ele foi fixado por meio de uma estrutura auxiliar
Em pele de vidro, a fachada da edificação menor contrasta harmoniosamente com a do prédio mais alto, composta por painéis unitizados em módulos de 4,20 x 1,25 metros que incorporam caixilhos, vidros e revestimentos. Já montados, eles foram içados até o ponto de fixação na estrutura, o que garantiu maior rapidez à etapa de fechamento externo. Com a finalidade de romper com a idéia de uma fachada totalmente lisa, as chapas de ACM foram colocadas oito centímetros à frente dos vidros, criando pequenas saliências. No formato de régua, os laminados melamínicos em padrão madeira unificam as duas construções e foram instalados por meio de inserts de alumínio sobre uma estrutura metálica auxiliar, opção que também contribuiu para dar maior velocidade de execução. A própria paginação dos laminados, no padrão 0,50 x 2,50 metros, permitiu maior quantidade de pontos de fixação e com isso foi possível utilizar peças mais finas, com apenas oito milímetros de espessura, sem comprometer a estabilidade do conjunto. Dependendo do ponto, os peitoris empregam chapas de drywall ou blocos de concreto celular. “O projeto previa apenas o drywall, mas houve essa alteração durante a obra”, detalha Halluli. Outra característica marcante do conjunto - que também ajuda a formar sua identidade - são os trechos curvos das fachadas dos dois edifícios, ambos voltados para o quadrante de maior visibilidade, em direção da ponte Eusébio Matoso.

A marquise com acabamento em laminado melamínico prolonga-se para o interior do grande hall de acesso
O embasamento resulta da combinação entre fechamento em vidro do térreo de pé-direito duplo, pilares de seção circular com revestimento de aço inoxidável e marquise que marca o ponto de acesso e avança para o interior da recepção, compartilhada pelos dois edifícios. O piso interno, em mármore polido do Ceará, tem tonalidade contrastante com a pavimentação externa, feita com placas de basalto. O mezanino sobre o térreo apresenta painéis de madeira como revestimento e abriga setores de expedição e administração do condomínio. Externamente, as áreas comuns incluem um café e um salão de múltiplo uso projetado com todas as características necessárias para o funcionamento de um auditório.

Ambos os edifícios possuem core alinhado com a fachada posterior, o que libera em todos os andares a vista panorâmica para o rio, o Jockey Club e a Cidade Universitária. Os pavimentos-tipo do prédio maior somam cerca de 1,5 mil metros quadrados de área de laje, com pilares centrais formando vãos de aproximadamente dez metros. No edifício menor, que foi locado para uma única empresa, a área de laje é de 1,2 mil metros quadrados e os pilares, alinhados com a fachada, resultam em vãos de 11,25 metros e mais uma faixa em balanço. Incluído na categoria denominada triple A (classificação dos edifícios comerciais com avançados recursos de tecnologia e acabamentos de alto padrão), o empreendimento pleiteia a classificação Prata do Leed, conferida pelo United States Green Building Council (USGBC), na categoria que abrange o conjunto formado por núcleo e envoltórios.

O vidro evidencia o pé-direito duplo do térreo. Os fechamentos do mezanino empregam madeira

Entre os recursos sustentáveis da edificação estão sistema de captação e tratamento das águas pluviais, que são destinadas aos sistemas de irrigação e de ar condicionado, coberturas verdes que liberam a água da chuva gradativamente e fachadas com menos de 50% de área translúcida a fim de reduzir a entrada de calor e o consumo de energia com o condicionamento do ar. Adicionalmente, foram empregados vidros importados de nova geração que apresentam elevados índices de transmissão luminosa e baixos níveis de absorção de calor. “No início das obras os fornecedores ainda não estavam estruturados para atender aos parâmetros exigidos pelo Leed”, explica Halluli.
Outras características do empreendimento são as fachadas iluminadas por leds, geradores que atendem 100% às necessidades operacionais e ar condicionado insuflado pelo piso elevado.

Pilares revestidos por aço inoxidável marcam o embasamento do conjunto

As edificações possuem estrutura mista, com pilares e caixas de elevador em concreto, vigas metálicas e lajes do tipo steel deck. No interior dos pilares, cuja seção é reduzida nos pavimentos mais altos, foram acrescentados perfis metálicos em forma de I. A peça tem a finalidade de amarrar as vigas, todas jateadas para dar proteção contra o fogo. As passarelas que unem os dois prédios têm fechamentos laterais com placas cimentícias.

Vista do hall para a frente do empreendimento

As duas unidades do WTorre Nações Unidas foram erguidas durante a recente fase de aquecimento econômico, momento em que dificuldades como escassez de concreto, atrasos no fornecimento de materiais e filas de espera para a locação de equipamentos tornaram-se comuns na construção civil. Apesar de terem interferido no cronograma, esses problemas só não tiveram impacto mais significativo porque os prédios foram planejados em acordo com o conceito de obra seca. “O projeto evitou ao máximo os aspectos artesanais da construção. O objetivo era uma obra rápida, seca, que otimizasse mão-de-obra, materiais e não precisasse de muito espaço de canteiro”, destaca Halluli.
Inicialmente, as passarelas seriam espaços ajardinados de convivência, mas por questões relativas à área computável ficaram apenas com a função de interligação

Entre os projetos em andamento no escritório de Edo Rocha atualmente está o de uma terceira edificação com a mesma linguagem, a ser implantada no lote livre, atrás do prédio mais alto. Ela deve ser concluída até o final de 2010 e compartilhar as áreas comuns, acrescentando ao térreo lojas e praça de alimentação.
Detalhes das passarelas que unem pavimentos alternados e dão mais flexibilidade à locação

Hall e recepção são compartilhados pelos dois edifícios. Internamente, os acabamentos combinam mármore, aço inox e laminado melamínico







O pavimento-tipo do edifício maior soma 1,5 mil metros quadrados de área de laje, com pilares centrais que formam vãos de aproximadamente dez metros








Perspectiva do empreendimento já incorporando a terceira torre, que deve ser concluída no final de 2010




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