terça-feira, 17 de março de 2009

Finalmente, a Etiqueta Procel para Edificações

Caros,

Com atraso de mais de 3 décadas em relação às primeiras iniciativas na área, está em operação no Brasil, o programa Procel Edifica, que lançou o selo Etiqueta Procel para edificações energeticamente eficientes.

As primeiras regulamentações do desempenho energético das edificações surgiram na Europa, a partir da França e da Inglaterra, após a primeira grande crise do petróleo, de 1973. O objetivo então era melhorar o isolamento térmico das residências, para diminuir o consumo de energia para aquecimento. Alguns anos depois, novas regras passaram a regular também a perda de calor de dentro para fora, as dimensões de aberturas, a eficiência dos equipamentos, e assim por diante. Gradualmente, as regulamentações foram se tornando obrigatórias e, consequentemente, as edificações foram se tornando mais eficientes no uso da energia.

As atuais certificações ambientais de edifícios (LEED, Aqua, BREEAM e outras) são evoluções e adequações destas primeiras regulamentações, mas, ao contrário das regulamentações oficiais, são de adesão voluntária.

O nosso programa de etiquetagem de edificações está naquele estágio inicial de adesão voluntária mas será obrigatório em pouco tempo e mudará de forma drástica a forma como nós arquitetos teremos que desenvolver nosso projetos. Como já é prática em muitos países, nós teremos que quantificar, ainda em projeto, o desempenho energético da edificação quando construída. Este será um dos fatores a serem considerados para a aprovação do projeto pelas prefeituras. Haverá um limite máximo para o consumo de energia dos edifícios, medido, por exemplo, em kWh por m2 de área útil.

Isto significa que teremos que ser muito mais técnicos, precisos e cuidadosos ao fazer simulações, estudos de insolação, especificação de materiais e dimensionamento de aberturas, coberturas e equipamentos.

A era do "gesto arquitetônico", da "expressão do traço" e da "forma precede a função", a meu ver está com os dias contatos. Mas a Arquitetura não será mais feia, ou menos criativa. Já temos muitos exemplos de excelente e bela Arquitetura eficiente, responsável, ponderada, ou, como é chamada hoje, sustentável.

No Brasil, frequentemente subimos escadas dois degraus por vez. Não ficarei surpreso se alcancarmos em 3 anos o mesmo nível em que os europeus estão hoje, mais de 30 anos depois das primeiras regulamentações do desempenho energético dos edifícios. Já estamos, na verdade, vivenciando o início desta nova era.

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